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quinta-feira, 14 de junho de 2018

NOVOS ARGUMENTOS e mais CREDIBILIDADE!


Estamos olhando atônitos Youtubers produzindo conteúdos que diminuem o valor do Aikido, enquanto outros vídeos, até feitos com boas intenções, continuam a evidenciar o quanto a nossa Arte precisa urgente repensar a sua forma de comunicação.
Não são estes vídeos do youtube que irão decretar o desinteresse das novas gerações no Aikido e sim a falta de capacidade da nossa geração de reagir diante dos desafios que surgem para o nosso futuro.
São raros os vídeos que combinam uma boa produção com uma boa técnica, na sua grande maioria são vídeos com técnicas desastrosas e explicações piores ainda.
Parece que ultimamente o Aikido não tem conseguido passar ao espectador (principalmente aos mais jovens) algo que possa funcionar como defesa pessoal.  A qualidade que acreditamos possuir o Aikido precisa ser percebida pelo espectador, principalmente para quem não conhece o Aikido e não apenas celebrada dentro da nossa própria comunidade.
As redes sociais hoje são ferramentas poderosas no estimulo de comportamentos e tendências, ao mesmo tempo podem ser implacáveis contra serviços, produtos e organizações que não detectam problemas na comunicação com seu público, tornando algo como uma simples fake news ou um vídeo de algum “Real Aikido Master”, se transforme em um enorme prejuízo a médio e longo prazo para a nossa Arte. Querendo ou não, o Youtube hoje é a vitrine com mais evidencia na divulgação do Aikido. Difícil medir agora os impactos de vídeos como “Aikido vs MMA, real sparing – 2017”, com mais de dois milhões de visualizações em aproximadamente um ano.
Se até o Aikido clássico, bem feito e bem executado, já é tema de debate sobre o seu real valor na publicidade do próprio Aikido, quem dirá esta coleção de vídeos sem conexão nenhuma com o aspecto marcial.
O Aikido, assim como outras artes marciais tradicionais, esta sujeito a criticas sobre a sua eficiência numa situação real de combate, porém devemos estar preparados para criar novas respostas.
O argumento da "ausência de competição" é quase um mantra defensivo na nossa comunidade, que parece querer nos colocar isentos de qualquer obrigação funcional como uma Arte de combate. Precisamos trazer NOVOS ARGUMENTOS e mais CREDIBILIDADE.
É necessário continuar evoluindo, atualizando e verificando nosso conteúdo técnico e filosófico, só assim nossa IMAGEM estará de acordo com todo o nosso POTENCIAL e atraente para as novas gerações.

Tradição - Legado - Valores
Reflexão - Evolução - Transmissão

por Mário Tetto




quinta-feira, 8 de março de 2018

As mulheres no Aikido - Priscila Gorzoni entrevista o professor Mário Tetto


Priscila Gorzoni: Me conte alguma história curiosa que envolva o aikido e a participação das mulheres no aikido.

Mário Tetto: Já fui Uke de exame de uma professora chamada Rosana, que na época fez exame para 3º Dan. Também fui uke de muitas aulas da professora Mariana, que foi umas das instrutoras bem no inicio do grupo que eu treinava. Sempre treinei com as meninas no tatame e nunca fiz distinções. Inclusive na França treinei com muitas meninas que são tecnicamente incríveis e aprendi muito nestes treinos. Um dos destaques são as professoras Nadia Korichi e Helene Doué, dois grandes talentos do Cercle Tissier.

Priscila Gorzoni: Como e em que pontos o aikido pode ajudar as mulheres na vida?

Mário Tetto: A dinâmica do Aikido pode trazer um bem estar muito grande, pois junto com a atividade física aprendemos a nos expressar com o corpo, ampliando a capacidade de comunicação. As artes marciais são conhecidas por trazer saúde e diversos benefícios aos seus praticantes e para as mulheres o Aikido entra como uma alternativa de desenvolvimento da autoconfiança, da atitude e da postura.

Priscila Gorzoni: Percebo que ainda existem poucas mulheres praticando aikido, você também percebe isso? Quais motivos citaria para explicar isso?

Mário Tetto: Normalmente as artes marciais são praticadas na maioria por homens, e não vejo uma desvantagem neste ponto no Aikido. Acredito que de uma forma geral a forma tradicional do Aikido é excelente para receber mulheres e vários Dojos são a prova disso. De qualquer forma é preciso ir além, precisamos de mais oportunidades para o surgimento de modelos femininos, quem sabe incentivando um calendário de seminários só ministrado por mulheres.



Priscila Gorzoni: Como os Senseis podem contribuir para que mais mulheres treinem?

Mário Tetto: Se o Sensei consegue oferecer um Dojo com regras leves e saudáveis, com um nível equilibrado de organização e limpeza, onde todos possuem a oportunidade para se expressarem do seu jeito, naturalmente pode ser um local para o surgimento de mais mulheres treinando. Porém é necessário criar modelos, mulheres que inspirem outras mulheres a treinar. Mais professoras reconhecidas e respeitadas, que transmitam uma imagem de felicidade, alegria e confiança em resultado da superação e dedicação aos treinamentos. Cabe ao Sensei identificar estes talentos, ajudando a alimentar os sonhos e as expectativas das suas alunas, não deixando que rigor dos treinos se misture com violência ou agressividade.

Priscila Gorzoni: Para as mulheres que estão enfrentando problemas em dojos, como por exemplo o preconceito, quais conselhos daria?

Mário Tetto: De uma forma geral se você é vitima de qualquer forma de preconceito em um Dojo saia imediatamente e procure outro. Se o preconceito é por parte do Sensei ou vem de outros alunos, a responsabilidade continua sendo do Sensei, que deve mediar estes conflitos. Uma coisa é você ter problemas de adaptação por alguma dificuldade de coordenação motora, falta de concentração ou por timidez, ou seja lá qual for o motivo, outra situação totalmente diferente é receber um tratamento preconceituoso de alguém. Lembre-se que ser professor ou praticante de Aikido não garante um selo de qualidade de caráter. Então, se você adora o Aikido, mas já percebeu que não recebe o tratamento adequado, procure outro Dojo. Existem várias escolas que possuem profissionais excelentes que poderão te ensinar em um ambiente saudável e equilibrado.


Priscila Gorzoni: Como é a presença das mulheres nos dojos Frances? Elas são reconhecidas e como são tratadas?

Mário Tetto: Não conheço muitos Dojos pela França, mas minha experiência no Dojo Cercle Tissier em Paris me trouxe a impressão que as mulheres possuem um nível técnico muito alto e um reconhecimento justo no tatame. Muitas já ensinam em seus Dojo e algumas até já são convidadas para Seminários internacionais. A nova geração do Dojo possui a instrutora Micheline Tissier como um modelo e uma referencia. Nos treinos do Cercle Tissier as meninas se dedicam muito fisicamente aos treinos e não se vê diferença entre homens e mulheres.
Em 2017 o Sensei Marcelo do Nascimento irá trazer ao Brasil duas instrutoras do Cercle Tissier, a professora Micheline Tissier 6º Dan e a professora Nádia Koichi 4º Dan, duas mulheres, algo inédito no calendário nacional. Dois eventos imperdíveis para qualquer apaixonado por Aikido, mas principalmente para mulheres de qualquer graduação.

Priscila Gorzoni: Quais diferenças vê o tratamento das mulheres nos dojos brasileiros dos França?

Mário Tetto: Não vejo diferença no tratamento. Apenas me parece que as meninas que praticam do Cercle Tissier na França possuem uma grande disposição para treinos físicos e para o Ukemi. Parece que se dedicam ao Aikido como um esporte, uma atividade física em busca de um estilo de vida saudável. Muitas vezes no Brasil vejo meninas mais ligadas ao aspecto filosófico e “Zen” do Aikido. Talvez seja esta a pequena diferença.

Priscila Gorzoni: As mulheres têm mais facilidade no aikido ou mais dificuldade?

Mário Tetto: Como instrutor gosto de pensar que a dificuldade não esta no gênero e sim na capacidade e estrutura física de cada pessoa. Como professor de Aikido me vejo como um treinador que precisa ajudar um atleta a atingir todo o seu potencial, sendo assim não existem diferença entre homens e mulheres.

Priscila Gorzoni: Gostaria de saber o que você pensa sobre o uso do hakama por mulheres.

Mário Tetto: No nosso Dojo as meninas podem usar o Hakama já na segunda graduação, 4º Kyu. Sinto que é uma decisão positiva. Já tive muitos relatos de meninas que se sentiram mais seguras em treinar com o Hakama, por se sentirem mais protegidas, mais bem vestidas para movimentos de rolamento e alongamento.


Por Priscila Gorzoni
O Diário de uma Guerreira - As vivências de uma praticante de aikido/capoeira
http://mulheresnoaikido.blogspot.com.br/


terça-feira, 6 de março de 2018

O equilíbrio dos códigos de Aikido


Por mais complexo e vigoroso que seja treinado um kata de Aikido clássico, ele sempre estará dentro do contexto criado originalmente, onde o UKE se oferece para receber a técnica até o final, sem necessariamente oferecer uma resistência real contra o NAGE. De uma forma geral, treinamos através de Katas, ou seja, uma ação coreografada dentro de uma hipótese marcial.
Precisamos confiar no Kata como uma ferramenta na construção das nossas habilidades marciais e não como um roteiro infalível de combate.
Devemos perceber que o estudo do Kata é uma chance de aprender junto com o parceiro e não uma oportunidade de submetê-lo a dor, sofrimento ou muito menos ilusões.
No Aikido nós respeitamos códigos durantes os treinos, porém é necessário não perder o nosso senso crítico, pois algumas vezes estes mesmos códigos se apresentam nos seus dois extremos, de um lado a sua expressão excêntrica, que evidencia a falta de compromisso marcial ou até mesmo a ausência de contato na realização dos katas e do outro, sua expressão agressiva, onde submete o outro a violência da dor como constatação de sucesso da ação.

A busca pelo equilíbrio nos códigos de treino pode manter nossos estudos de Aikido dentro de parâmetros justos, racionais e eficientes, potencializando os benefícios da prática e promovendo relações saudáveis no tatame, construídas com base na confiança, no entendimento e na realidade, além de melhorar a percepção que pessoas de fora da nossa comunidade têm sobre o Aikido.

por Mário Tetto



The balance of Aikido codes!

Even the most complex and strong Aikido movements it is trained inside of your original expression since it was created, where the UKE offers to receive the technique until the end, without necessarily offering a REAL resistance against the NAGE. In general, our training happens with “Katas”, respecting a choreographed action of a martial hypothesis.
We need to trust on “Kata” as a tool for building our martial skills and not as an infallible combat script. We must realize that the study of “Kata” is a chance to learn with the partner and not an opportunity to submit him to pain, suffering or even illusions.
In Aikido we respect codes during the training, but it is necessary not to lose our critical sense, because sometimes these same codes appear at both extremes sides, on one hand the eccentric expression, which makes evident the lack of martial commitment or even the “no touch” action, and on other hand, we have the aggressive expression, where the submission comes with pain as a way to ensure the success of the action.
The balance between the Aikido codes can keep ours studies on a fair, rational and efficient parameters, increasing  the benefits of the practice and promoting healthy relationships on the mat, built on trust, understanding and reality, as well as improving the perception that people outside of our community have about Aikido.


Mário Tetto

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Atemi é o objetivo do Aikido?





Sempre se fala sobre o Atemi como peça chave na execução das técnicas de Aikido e algumas declarações nos fazem refletir sobre este ponto.
Na entrevista de Hayato Osawa Shihan para Michel Thai em 2010 este assunto aparece de forma sutil com a seguinte declaração de Osawa Sensei: “Without atemi, Aikido is not plausible", ou seja, sem o Atemi, o Aikido não é plausível. Utilizando também a declaração clássica do livro de Gozo Shioda, onde ele dizia que Ueshiba considerava o Aikido como 70% atemi e 30% arresso, nós temos aqui um tema que pode gerar dúvidas e questionamentos:
Será mesmo o Atemi o objetivo final do Aikido? Se dependemos tanto do Atemi, será que não deveríamos treinar mais socos?
A questão do Atemi pode nos abrir duas hipóteses para reflexão:

A primeira é que, ao reduzir a eficiência do Aikido apenas na aplicação do Atemi, estamos menosprezando o rico repertório de chaves e imobilizações, que constituem uma importante parte do Aikido clássico. As “chaves e imobilizações” do Aikido realmente funcionam como defesa pessoal básica e são extremamente uteis no trabalho policial. Naturalmente este trabalho mecânico possui um limite, onde sua porcentagem de sucesso pode diminuir entre dois especialistas de Aikido por exemplo, que por conhecer as técnicas são capazes de anular sua eficiência utilizando o corpo de forma a impedir a sua execução, ou até mesmo quando existe uma diferença de peso e força muito grande entre duas pessoas as “chaves e imobilizações” começam a exigir uma aplicação muito avançada e sutil, o que também diminuem suas chances de sucesso. Da mesma forma, a aplicação destas mesmas técnicas contra praticantes de outras artes marciais, que se utilizam de sistemas mecânicos semelhantes, tem suas chances diminuídas por uma possível leitura da técnica, onde estratégias e bloqueios contra as “chaves e imobilizações” do nosso repertório são possíveis.
Sem o fator surpresa as técnicas do repertório de “chaves e imobilizações” diminuem suas chances de serem aplicadas com sucesso, porém de uma forma geral são inegáveis seus resultados como um sistema de defesa pessoal eficiente e um conjunto de técnicas para o uso policial.

A segunda hipótese é pensar que para trabalhar o Atemi do Aikido teríamos que incluir treinos regulares de soco. Não é exatamente por ai. No mesmo livro em que o Sensei Gozo Shioda fala sobre a importância do Atemi ele também diz que isso esta relacionado a puro Timing, onde o mais importante é desferir o Atemi assim que percebemos que o oponente esta prestes a se mover. Perece estar muito mais ligado ao conceito de Irimi do que uma troca de socos. O conceito de entrar sobre o ataque nos protegendo, com possibilidades de atingir o alvo utilizando os braços como uma extensão da postura e não em uma atitude de desferir um soco. A potência do Atemi vem do Tai Sabaki, de um bom trabalho de pernas e da antecipação para encontrar o oponente no caminho. É um contra ataque. Um ataque dentro do ataque do oponente. É claro que isso envolve um risco e justamente por isso a sua realização com sucesso é cheio de potência, que pode inclusive nocautear o agressor. Nas minhas pesquisas um dia escutei de um professor experiente, já com o 7º Dan, que todas as técnicas do Aikido funcionam, basta deixar o seu oponente inconsciente primeiro :). Brincadeiras a parte, em um nível avançado, o Aikido gera ao praticante através da repetição das técnicas clássicas, duas habilidades fundamentais para um combate, que é Irimi (entrar sobre o ataque) e Tenkan (esquivar, girar sobre o ataque). Dominando estes dois conceitos a aplicação do Atemi no formato do Aikido ganha mais credibilidade.
Hoje ao ver Osawa Shihan nos vídeos é possível notar claramente que ele tem um timing fora de série para utilizar o Atemi. Por mais que você veja Irimi Nage, Kokyu Nage, Shiho Nage nas suas demonstrações, o que impressiona é o timming onde ele faz a sua conexão com o seu Uke.
Da mesma forma eu vejo meus estudos com o professor Bruno Gonzalez, que mesmo possuindo um trabalho mecânico de “chaves e imobilizações” fora do comum, ele mantém toda a sua construção técnica sobre o risco do Atemi. Da marcação da distancia correta e da identificação do perigo eminente do Atemi, as técnicas clássicas ganham espaço e oferecem soluções marciais com credibilidade. Observando o trabalho do Sensei Bruno parece que o limite mecânico das técnicas de “chaves e imobilizações” são expandidos por uma atitude marcial afiada com a presença do perigo real do Atemi o tempo todo, onde esta ambiguidade apresenta uma sensação de incerteza e hesitação para o oponente, diminuindo suas chances de bloquear ou impedir a aplicação de uma técnica e proporcionalmente aumentando as chances de sucesso do trabalho mecânico com “chaves e imobilizações”.  Ao treinar com o Sensei Bruno primeiro trate de cuidar bem da sua distancia, dos seus contatos, pois você vai perceber rapidamente que precisa primeiro ficar longe do seu Atemi.


De uma forma geral a pratica avançada do Aikido esta relacionada ao Atemi e sem dúvida é um habilidade que devemos construir com o nosso desenvolvimento técnico, porém a eficiência do Aikido, assim como em qualquer arte marcial, não pode ser construída em apenas uma técnica e sim no desenvolvimento da atitude correta diante do conflito, uma avaliação adequada da distância para execução de uma estratégia e uma visão clara para perceber as oportunidades para a execução da técnica mais adequada para cada situação.

Bons treino!
Mário Tetto

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Aikido - Refinar e aprimorar o gesto.



Quando você é iniciante vai aprendo a observar a execução do Sensei, dos seus colegas mais graduados e vai formando na sua mente uma imagem que aos poucos vai se tornando uma referencia, no resultado esperado em determinada ação que você realiza. Este processo no inicio é lento, pois você será apresentado a inúmeras variações e irá perceber que algumas estratégias funcionam de acordo com um determinado posicionamento do corpo.  Nesta fase por mais ferramentas que nos sejam apresentadas, não conseguimos trabalhar com mais do que uma ou duas. Não apenas por falta de habilidade, mas também por falta de experiência. É como se tivéssemos que fazer uma escultura, uma obra de arte e só soubéssemos utilizar o martelo. A execução de uma técnica de Aikido pode ser percebida como uma expressão artística e naturalmente o refinamento técnico é a consequência de anos de treinamento. Este refinamento pode ser percebido de varias maneiras, como por exemplo, a criatividade na escolha das técnicas dentro do vasto repertório do Aikido, na economia de energia durante a execução, na consciência biomecânica dos movimentos, na capacidade de preservar a integridade do seu Uke e por ai vai.
Ao longo da pratica do Aikido nos tornamos também artistas, assim como um artesão, que depende de suas ferramentas ou um pintor que se expressa com seus pinceis. No Aikido precisamos também saber escolher nossas ferramentas e refinar nosso traço. Depois de certo tempo resolvendo problemas e materializando soluções com uma ou duas ferramentas começamos a perceber a diversidade de outras possibilidades, que até então estavam fora da nossa visão ou mesmo fora da nossa capacidade em utiliza-las. Vamos refinando o nosso gesto, controlando nosso movimento, empregando mais intenção, melhorando aos poucos a nossa postura e ganhando mais eficiência com menos esforço. Usando a ferramenta certa para cada tipo de problema. A experiência em testar novas ferramentas e novas técnicas pode proporcionar soluções inéditas, econômicas e eficientes. A pesquisa, seguida da repetição, irão nos tornar com o tempo em peritos, onde iremos utilizar as ferramentas de acordo com as nossas preferencias, onde seremos capazes de perceber que umas funcionam mais do que outras e quem sabe até durante este desenvolvimento nossa habilidade nos permita a voltar a utilizar uma ou duas ferramentas e continuar a obter resultados extraordinários.

Mario Tetto

terça-feira, 26 de julho de 2016

Aikido - Intenção, decisão e ação!



Que tal praticar Aikido?
Intenção, decisão e ação!

1. A prática do Aikido alimenta sua mente com pensamentos positivos e desenvolve soluções criativas para evitar ou resolver conflitos.  Treine, estude e evite padrões negativos. A literatura disponível sobre o Aikido é muito ampla e muitos livros contém pensamentos que podem te ajudar a encontrar caminhos que despertem o hábito de uma atitude positiva, trazendo motivação e estratégias para superar obstáculos e energia para ultrapassar seus limites. Esta filosofia do Aikido que aparece nos livros também esta presente nas aulas e durante os treinos você perceberá na prática que os conceitos de harmonia, disciplina e cooperação trazem uma sensação de bem estar muito grande.

2. Você precisa cuidar e fortalecer seu corpo. Sua fisiologia pode dizer muito sobre você. Movimente-se e traga energia para superar seus limites.
Apenas alimentar a sua mente com pensamentos positivos muitas vezes não é o bastante. Nós precisamos nos mover. Precisamos provar para nós mesmos que somos capazes. O Aikido pode te ajudar a construir este tipo de determinação, porém para que isso aconteça precisamos cuidar também do nosso corpo, da nossa saúde. Qual a ultima vez que você desafiou seus limites? Se desafie! Tome a decisão de sair de casa e treinar, seja qual for a sua limitação. Os treinos regulares de Aikido irão influenciar positivamente todos os campos da sua vida, diminuindo o stress, aumentando sua concentração e potencializando sua criatividade e comunicação.


3. No Aikido nunca é tarde para começar. Seja capaz de inspirar-se em pessoas que conseguiram romper um padrão e construíram suas histórias com base na superação, dedicação e disciplina. A comunidade do Aikido vive um estilo de vida saudável cheio de histórias de superação, que vão desde Mestres beirando os 90 anos que apresentam uma lucides e uma saúde invejável ou mesmo pessoas que começaram a treinar depois dos 70 anos de idade, além de pessoas com grandes limitações físicas, seja devido a acidentes ou doenças graves, que encontraram no Aikido um caminho para fortalecer o corpo e mente. O Aikido é capaz de receber qualquer tipo de pessoa e logo você poderá encontrar um modelo a seguir, alguém para se espelhar e que poderá te ajudar desenvolver todo seu potencial.

4. Não espere pelos outros, tome a iniciativa e siga sua intuição. Toda jornada começa com o primeiro passo.  O Aikido com certeza pode te ajudar a desenvolver novas habilidades e desenvolver todo seu potencial, basta você se comprometer com entusiasmo que será capaz de alcançar todos seus objetivos.Não espere que alguém te convide para treinar, não fique esperando pelo outros. Se você pretende começar a cuidar da sua saúde começa agora, não fique esperando pelo dia certo, pelo professor certo, pela modalidade certa. Comece a se mover já e as mudanças serão visíveis.
Bons treinos!

Mário Tetto

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Aikido dentro de uma forma objetiva de aprendizagem!

A construção de uma técnica eficiente não nos garante a construção de uma didática eficiente. Saber realizar o Aikido com todos os seus detalhes e com grande habilidade física não nos garante a capacidade de transmissão dos nossos próprios conhecimentos. O resumo é que: “Ser um bom Aikidoka não lhe garante ser um bom professor de Aikido”. Para ensinar não é exigida apenas a capacidade técnica para executar, é exigida também a capacidade técnica para transmitir.
 No Aikido é muito comum no processo de aprendizagem a comunicação não verbal, priorizando a visão como o sentido responsável de captar a informação. Porém em uma abordagem didática, ao limitar a aprendizagem em apenas um único sentido, estamos de certa forma limitando as possibilidades do processo de ensino, ou seja, quanto mais completo o processo de aprendizado mais consistente será o resultado.
Como professores de Aikido, responsáveis pela transmissão destes conhecimentos específicos, devemos ser capazes de explicar e desmontar a informação que esta contida na técnica e tornar acessível ao aluno àquilo que até então parecia tão fechado e de difícil compreensão.
Com base nos meus treinos com professores como Christian Tissier e Michel Erb, e com influencia no Livro "Aikido Basics" de Bodo Rodel, fiz um pequeno resumo da abordagem didática que estamos aplicando no nosso Dojo e que vem apresentando resultados incríveis, tanto na performance dos graduados como também no rápido desenvolvimento dos alunos iniciantes , que percebem de forma mais clara o sistema mecânico da técnica e desenvolvem simultaneamente habilidades marciais importantes como coordenação motora e gerenciamento de distancia.
Bons treinos!!



“A excelência na transmissão do Aikido esta no equilíbrio entre sua capacidade marcial e sua expressão artística, entre sua eficiência e sua beleza, mas principalmente na relação entre professor e aluno, onde a segurança e o progresso se tornam inseparáveis.”

DIDÁTICA – A técnica de ensinar, de transmitir a informação. A relação do aluno com o conteúdo. A exposição dos fundamentos e a expressão da identidade do professor, da escola ou do estilo através de um determinado conjunto de técnicas e métodos, que possibilitam de forma objetiva a aprendizagem do aluno.

FORMAS PARA DIRIGIR O ENSINO DO AIKIDO
1) Estudo estático:
2) Estudo dinâmico: Kihon
3) Aplicação:
4) Exercícios:

1) Estudo estático: Busca organizar o treino em dupla (uke + nage) de forma estática, onde o professor determina uma ação para Nage. Pode ser o simples exercício de tenkan sobre o katatedori ou uma forma mais sofisticada do uso dos pés ou das mãos, para o desenvolvimento de uma coordenação motora especifica. No formato estático o Uke apenas marca posições, repetindo um ataque simplificado ou deixando que Nage faça as repetições sem sofrer interferências, buscando desenvolver a memória corporal e habilidades básicas de coordenação motora e a noção espacial. O Estudo estático pode oferecer diversos níveis de dificuldade, onde além da sua posição inicial, o Uke poderá se reposicionar para continuar atuando como um ponto de referencia para Nage, que através das várias marcações poderá continuar verificando a qualidade da sua distancia, estabelecendo uma sequencia de objetivos durante o estudo. Não existe um ataque real, apenas um ataque simplificado como ponto de partida para o Estudo. Nage executa 100% da técnica.

2) Estudo dinâmico: Nesta etapa os movimentos são realizados de forma mais dinâmica. Uke e Nage se movimentam juntos, Cada um é responsável por 50% da ação. Normalmente nos estudos dinâmicos executamos os movimentos de base, utilizados para exames de graduação ou movimentos clássicos do Aikido. Uke e Nage aprendem em um processo construtivo, muito semelhante a um “Kata”, onde através da repetição, os praticantes aprendem a finalidade de cada técnica e como fazer o uso correto das mãos e dos pés. Porém, diferente do Estático, o Estudo Dinâmico evita pausas durante a execução, buscando desenvolver um movimento continuo, fluido e harmônico. Junto com a busca do domínio da estrutura de cada movimento Uke e Nage devem perceber as variações que cada parceiro proporciona e adaptar o posicionamento para prosseguir com uma boa distância. Lembre-se que nesta etapa a responsabilidade de conhecer os detalhes do movimento não é apenas de Nage, que aplica a defesa. O Uke da mesma forma deve memorizar a sequencia da técnica, deve saber o ataque correto para cada variação e ter consciência dos resultados de cada ação, sabendo colocar o seu corpo de forma segura e que ainda possa oferecer uma comunicação marcial com Nage.
O estudo dinâmico é naturalmente melhor executado quando ambos praticantes possuem os detalhes técnicos, sendo assim possível uma execução dinâmica com cada vez mais credibilidade. Vale lembrar que ainda estamos em um processo de aprendizado e cooperação com o nosso parceiro de treino.

3) Aplicação: A execução técnica próxima da realidade. O Estudo de um repertório com ênfase na defesa pessoal. Normalmente os movimentos de Aplicação são curtos e objetivos. Algo como uma síntese das capacidades adquiridas, presentes em uma execução efetiva do repertório dinâmico. A Aplicação é uma forma de estudo onde Nage aplica as técnicas sem depender da cooperação do Uke, colocando em prática a suas habilidades marciais e seus reflexos para projetar, controlar ou imobilizar seu Uke. Lembre-se que dentro do estudo da Aplicação a responsabilidade pela integridade física do Uke deve continuar a ser respeitada e Tori deve ser capaz de executar a técnica de acordo com a capacidade de cada parceiro. O estudo da Aplicação requer uma disposição física e uma atitude mental compatível a um combate, porém pode ser praticado entre iniciantes e graduados, desde que sejam respeitados os códigos e as orientações do professor.

4) Exercícios: A relação entre as formas de estudo buscando objetivos específicos. Os Exercícios podem ser apresentados no Estudo Estático, Dinâmico ou nas Aplicações. Normalmente os Exercícios buscam aprimorar noções de contato e a expressão mecânica do movimento, aprimorando a coordenação motora, o ritmo e capacidade geral do praticante. O Exercício pode ser atribuído ao desenvolvimento das ações do Uke ou do Nage, ou mesmo uma combinação entre os dois, buscando concretizar um resultado durante a execução. O Exercício simula sensações da técnica, colocando o praticante em condições de repetir determinados movimentos e ao mesmo tempo trazendo a consciência corporal necessária para a execução natural do Aikido.

Por Mário Tetto